O diretor e ator americano George Clooney, um dos astros de
Hollywood mais politizados, abriu nesta quarta-feira o Festival de
Veneza com The Ides of March, filme sobre os bastidores da política, mas negou ter ambições eleitorais.
O quarto filme escrito e dirigido por Clooney, sobre os alcances
insuspeitos da corrupção política, inaugura a competição oficial, que
tem 22 filmes na disputa.
O drama trata da ambição e dos limites da ética pessoal centrada na
face oculta da política, com Ryan Gosling e o próprio Clooney como
protagonistas.
"Não tenho nenhum interesse em me expor desta maneira. Não quero um
posto assim", declarou o cineasta após a exibição para a imprensa de
seu filme, que aborda o cinismo e honradez na política.
"Não considero um filme político. Como todos os filmes que dirigi é muito pessoal", declarou Clooney.
O longa-metragem foi muito aplaudido durante a exibição para os jornalistas.
O filme ilustra os bastidores do poder, com suas intrigas políticas, vinganças, chantagens e assédios sexuais.
"É, antes de tudo, um filme sobre a moralidade", afirmou o cineasta, que considera este um tema universal.
"Cada país pode entrever o próprio escândalo sexual", declarou
Clooney, ao ser questionado sobre o caso do francês Dominique Strauss
Khan, ex-diretor gerente do Fundo Monetário Internacional, que foi
obrigado a renunciar ao cargo depois de ter sido acusado de crime
sexual.
"Eu não dou conselhos a ninguém", comentou Clooney após a pergunta se o filme seria recomendado para o socialista francês.
Clooney, conhecido pela militância no Partido Democrata, já viajou a
Darfur para relatar a tragédia não oeste do Sudão e todos os filmes
que dirigiu até o momento apresenta um tom político, como Boa Noite e Boa Sorte, sobre o jornalismo livre.
The Ides of March, uma referência à data correspondente do
calendário romano (15 de março) na qual foi assassinado Caio Julio
César em pleno centro de Roma, aborda um tema de grande atualidade e
tem um elenco excepcional: Ryan Gosling, único ausente em Veneza,
Philip Seymour Hoffman, Paul Giamatti, Marisa Tomei, Jeffrey Wright e
Evan Rachel Wood.
"O público é quem deve identificar Brutus e Caio Cássio", os
conspiradores de um dos grandes magnicídios da história durante o
império romano.
O filme abre o desfile de estrelas do Festival de Veneza.
Durante 10 dias, até 10 de setembro, a mostra se tornará uma vitrine
única para trabalhos de diretores renomados da sétima arte, como Roman
Polanski, David Cronenberg, Abel Ferrara e Johnnie To. Até a estrela
pop Madonna apresentará, fora de concurso, seu segundo filme como
diretora, W.E..
O cinema brasileiro marca presença na mostra "Horizontes", com
"Girimunho", dos diretores Helvécio Marins Jr. e Clarissa Campolina.
O homenageado deste ano no festival será o diretor italiano Marco Bellocchio.
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